Líderes da UE aprovam estratégia para rearmar o bloco; Zelenski e EUA retomam negociações por cessar-fogo
- ucivaldomatias
- 7 de mar.
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Após a decisão de Trump de suspender o apoio militar dos EUA à Ucrânia – e ameaçar abandonar a segurança europeia diante da ameaça russa – os líderes da União Europeia deram luz verde a um ambicioso plano de rearmamento do bloco.
Rearmamento e Investimentos em Defesa
Em reunião realizada em Bruxelas, representantes dos 27 países-membros aprovaram uma proposta que flexibiliza as regras de endividamento, abandonando a política de austeridade vigente desde a crise do euro em 2008.
O objetivo é elevar os gastos militares dos países europeus a níveis inéditos desde o fim da Guerra Fria, somando aproximadamente 650 bilhões de euros em orçamentos nacionais e mais 150 bilhões de euros em empréstimos da Comissão Europeia.
Essa estratégia possibilitará a compra conjunta de equipamentos militares, principalmente nas áreas em que a Europa atualmente depende dos EUA.
Contexto e Reações
A iniciativa vem em resposta às reiteradas ameaças de Trump de deixar a Ucrânia e a Europa vulneráveis à agressão russa, rompendo com o paradigma pós-Segunda Guerra Mundial de dependência do poderio militar americano.
Em suas declarações, o primeiro-ministro polonês Donald Tusk destacou que “a Europa precisa assumir esse desafio e vencê-lo”, enfatizando a capacidade do bloco para superar qualquer confronto – militar, financeiro ou econômico – com a Rússia.
Mesmo em meio a incertezas, inclusive na Alemanha, que ainda não formou um novo governo após as eleições, a disposição para revisar as regras de endividamento demonstra o comprometimento dos países europeus em aumentar seus investimentos na defesa.
A preocupação central é que a Rússia, encorajada pelos sucessos na guerra contra a Ucrânia, possa direcionar sua agressão a algum país do bloco, caso os EUA se afastem.
Pontos de Discordância e Apoio à Ucrânia
Enquanto a UE se prepara para assumir mais responsabilidade pela segurança do continente, o papel do bloco na defesa da Ucrânia ainda gera controvérsias.
A Hungria, sob a liderança de Viktor Orbán e alinhada a Putin, se opõe à ideia, argumentando que um reforço no apoio à Kiev poderia prolongar o conflito.
Por outro lado, os demais 26 líderes concordaram que tanto a Ucrânia quanto os europeus devem estar envolvidos em quaisquer discussões sobre a segurança regional.
Em uma concessão à República Tcheca, a declaração final também pediu que Kiev intensifique esforços para restabelecer o fornecimento de gás russo à Europa.
Outro ponto de tensão diz respeito aos ativos russos congelados na UE, que somam 210 bilhões de euros – a maioria na Bélgica.
O premiê belga Bart De Wever alertou que confiscar esses fundos implicaria abrir mão dos rendimentos originados dos juros, já que cerca de 50 bilhões de dólares em rendimentos foram usados para ajudar a Ucrânia.
França e Alemanha também se mostraram reticentes, temendo que a medida possa ser contestada judicialmente e desestabilizar a ordem financeira europeia.
Retomada das Negociações de Paz
Em meio a esse cenário, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski anunciou que as conversas com representantes dos EUA para um acordo de cessar-fogo serão retomadas na próxima semana.
Zelenski, que viajará à Arábia Saudita na próxima segunda-feira (10/03) para tratar do assunto, afirmou em discurso em Bruxelas que a Ucrânia está “pronta para dar os passos necessários à paz”.
Entre as exigências estão a suspensão dos ataques a infraestruturas civis e de energia, o fim das operações militares no Mar Negro e a libertação de prisioneiros de guerra.
Ele ressaltou que qualquer trégua e medida de construção de confiança serão apenas o prelúdio para um acordo abrangente que garanta a segurança e ponha fim ao conflito.
Repercussão Internacional
Em meio a esse cenário complexo, a política de defesa europeia ganha força enquanto a relação com os EUA permanece em foco. ,
Recentemente, o presidente francês Emmanuel Macron sugeriu a possibilidade de usar o arsenal nuclear para proteger aliados na Europa, o que gerou uma resposta crítica do Ministério do Exterior da Rússia, que acusou Macron de “chantagem nuclear” e afirmou que a declaração seria considerada no planejamento de defesa do país.
Segundo a Federação de Cientistas Americanos, os EUA e a Rússia concentram cerca de 88% do arsenal nuclear mundial – com mais de 5 mil ogivas cada –, seguidos por China, França (com 290 ogivas) e Reino Unido (com 225).
Com o rearmamento da UE e a retomada das negociações de paz, o cenário internacional se mostra cada vez mais dinâmico, enquanto os desdobramentos das ações de Trump e a resposta dos países europeus continuam a moldar o equilíbrio de poder na região.







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