"Me disseram: 'Você parece mais magra na TV'..."

…e eu até agora tô indignada com a liberdade que os homens pensam ter em relação ao corpo das mulheres

"Você parece mais magrinha na TV": um comentário invasivo e o peso da objetificação

Recentemente, compartilhei no Instagram uma experiência que vivi durante uma viagem ao Rio de Janeiro.

Enquanto relaxava à beira da piscina do hotel, um homem se aproximou e me perguntou: “Você é a Mari?”.

Respondi que sim, esperando um comentário sobre meu trabalho – afinal, é assim que a maioria das pessoas me reconhece. Mas, para minha surpresa, ele simplesmente disse: “Nossa, você parece mais magrinha na TV” e saiu, sem esperar resposta.

Fiquei paralisada. Dentro de mim, eu sabia que aquilo era uma invasão, um desrespeito, mas, naquele momento, congelei. Ele seguiu seu caminho sem receber a resposta que merecia.

Então, caso ele leia este texto, quero deixar claro o que deveria ter sido dito ali, na hora.

O que é público em mim é o meu trabalho – não o meu corpo. Meu físico não está aberto a avaliações, elogios ou críticas.

E isso não vale só para mim, mas para todas as pessoas. Cada um tem sua própria relação com o corpo, suas inseguranças e sua história. Um comentário aparentemente inofensivo pode reforçar padrões e causar um grande desconforto.

Quando se trata de mulheres, a situação se agrava ainda mais. A pressão histórica e social faz com que muitas se sintam obrigadas a atender expectativas externas – seja em relação ao peso, à aparência ou ao comportamento.

Comentários sobre a forma física, especialmente vindos de homens, reforçam a ideia de que o corpo feminino está sujeito ao julgamento alheio.

Além de invasivos, esses comentários alimentam uma cultura de objetificação, reduzindo mulheres a padrões estéticos e desvalorizando sua individualidade.

Respeitar o corpo feminino significa entender que ele não está à disposição para análise ou aprovação. O respeito começa quando paramos de tratar a aparência de alguém como um tópico público.